terça-feira, 8 de abril de 2008

Vila Assunção segundo a Historiadora Renata Ferreira Rios

Considerada a primeira praia balnearia da cidade, aos idos anos 40, era muito procurada pelos citadinos como área de veraneio. Ao mesmo tempo que era fora do alcance do tumulto do centro urbano, não exigia uma longa viagem, o que permitia se aproveitar, desde um dia de sol e águas, até um belo fim de semana.

Sua mais importante avenida é a Pereira Passos; esta radial não passava de um estreito caminho de acesso ao interior da chácara de José Joaquim Assunção. Primeiro proprietário das terras daquelas bandas, cedeu seu nome, em princípio, à chácara e, postumamente, ao bairro.

Esta chácara compreendia quase toda Ponta do Dionísio, sendo de múltiplas funções. Desde o começo, se dedicava à charqueada; depois, seu Assunção, montou lá uma olaria, inicialmente puxada a burros, mas que mais tarde foi a primeira da cidade a ser movida a vapor; tinha um pouco de plantação e outro tanto de criação; e algumas pedreiras. Destas pedreiras saíram as pedras que constituíram o cais do porto de Porto Alegre.

A ligação da chácara com a urbe dava-se pelo vapor, que transportava os produtos lá cultivados, para serem vendidos no mercado, próximo ao Mercado Público. Também servia de condução da família e amigos, pois o acesso por terra era mais demorado, feito por carroças, e difícil, pois as estradas que ligavam aquela região às demais, eram precárias e até inacabadas.

Mas as pedreiras foram que fizeram história daquelas terras de lá. Inicialmente, por elas fornecerem as pedras da construção do cais do porto, o município destinou àquelas bandas, um trem, que tinha como objetivo principal “ de transportar mercadorias e pedras...” mas com esconder das vistas dos moradores da capital, aquelas paisagens; “... sempre arrastava um vagão para passageiros. “

De forma não muito feliz, o proprietário tentou instalar em suas terras, uma destilaria de álcool, mas que nunca chegou a finalizar a construção de suas instalações. Isto porque José Assunção tinha um desentendimento com as autoridades, que devia-se pelas insistentes investidas dos governantes em suas terras. O projeto do governo era de transformar a pedreira da Ponta do Dionísio, onde hoje temos o Club Veleiros, em propriedade do Estado e, pior que isso, consideravam o local excelente para ser transformado em asseio público, local de despejos de dejetos.

Em 1918, o inquieto José Assunção, falece, diminuindo um pouco a guarda de suas terras aos tantos que a desejavam. Mas só em 1937, a viúva, dona Felisbina, faz um acordo com uma empresa, a Di Primo Beck, que urbanizaria a região, calçando, canalizando a água e puxando a luz, e lhe reservaria uma fatia deste loteamento, para seu uso, além de parte dos lucros. Nasce o bairro Assunção.

Com melhor infra-estrutura, aberturas de vias de acesso e implantação do transporte público, o desenvolvimento do bairro vai de vento em popa. “ Lugar simpático, cheio de vivendas e bangalôs, na sua maioria rodeados de verdejantes jardins e sombrias árvores, é a Vila Assunção um sítio de descanso às portas da capital.”

Suas ruas são referencias aos primeiros moradores dessas terras, os tupi - guarani, além de homenagear ilustres personagens da nossa história. Hoje ainda ele é um bairro pitoresco, de ares suaves e paisagens bucólicas. Talvez por não ser encostado ao centro comercial de Porto Alegre, desenvolveu sua própria vida, tendo no comércio uma área bastante promissora.

Historiadora Renata Ferreira Rios. Copyright - Todos os Direitos Reservados

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