terça-feira, 5 de agosto de 2008

Zero Hora (05/08/2008) - Futuro do Estaleiro Só em debate

05 de agosto de 2008 | N° 15684AlertaVoltar para a edição de hoje

URBANISMO

Futuro do Estaleiro Só em debate

Em audiência pública na Câmara de Vereadores amanhã, a população poderá discutir projeto para espaço do bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre

Um megaprojeto com investimentos de R$ 165 milhões que pode transformar a zona sul da Capital entrará em discussão pública amanhã, às 19h, na Câmara de Vereadores. A população poderá conhecer e avaliar os detalhes da proposta de investimento privado que pretende remodelar a área do antigo Estaleiro Só, entre a Avenida Padre Cacique e o Guaíba, no bairro Cristal. O projeto Pontal do Estaleiro prevê a construção de um complexo de edifícios residenciais e comerciais, flats e uma marina.

Apresentada pela BM Par Empreendimentos Ltda, em conjunto com a Debiagi Arquitetos e Urbanistas, a proposta depende de aprovação do Legislativo para sair do papel, porque a lei atual não permite a construção de imóveis residenciais na região. Um projeto de lei que prevê a alteração do regime urbanístico do antigo terreno do Estaleiro Só tramita desde abril na Câmara, ainda sem perspectiva de ir à votação. O estaleiro foi adquirido em leilão pela iniciativa privada em 2005.

Segundo o arquiteto Jorge Decken Debiagi, responsável pelo projeto, a mescla de construções residenciais e comerciais é importante para garantir melhor ocupação e mais segurança ao espaço. As diretrizes do projeto foram previamente aprovadas pela Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (Cauge) da prefeitura.

– A lei atual não permite o uso residencial, porque se temia a falta de proteção contra enchentes, mas o projeto resolve esta questão – afirma Debiagi.

A obra prevê a instalação de restaurantes e cafés nos terrenos dos dois prédios comerciais, além de quatro edifícios residenciais, com um total de 216 apartamentos. O píer existente seria remodelado, com a construção de um segundo pavimento e a abertura de bares e churrascaria. Os amantes do pôr-do-sol poderão desfrutar um calçadão iluminado à beira do Guaíba, com bancos e árvores. Também está previsto um museu para preservar a memória do Estaleiro Só. Para facilitar o trânsito na região, seria aberta uma rua de interligação entre a Padre Cacique e a Diário de Notícias.

Entre os moradores, a obra ainda é vista com desconfiança. A altura dos prédios e o impacto no trânsito estão entre os temas polêmicos e devem ser discutidos na audiência. Para a presidente do Clube de Mães do bairro Cristal, Maria Madalena Superti Rossler, que encaminhou o pedido de audiência pública, a ampla participação comunitária no debate é fundamental para definir o futuro da região.

– Não podemos continuar com aquela ruína que é o Estaleiro Só, mas precisamos saber bem como será esse projeto. Pelo que conhecemos, parece bom, mas precisamos saber os detalhes – destaca Madalena.

Para o vereador Alceu Brasinha (PTB), um dos 17 que propuseram a alteração para garantir a revitalização do espaço, a cidade tem a ganhar:

– Acredito que seria um grande ganho recuperar aquela área abandonada, mas queremos ouvir a população. A audiência será uma espécie de termômetro para medir se há apoio popular.

O projeto
Área total
60 mil metros quadrados
Área utilizada pelo empreendimento
27,8 mil metros quadrados
Infra-estrutura
> Quatro prédios residenciais com um total de 216 apartamentos
> Dois edifícios comerciais, um com 195 conjuntos e outro tipo Flat com 90 unidades
> Lojas, restaurantes e cafés nos térreos dos dois prédios comerciais
> Construção de um sistema de proteção contra cheias
Tempo estimado de construção
Depois de aprovado pela Câmara de Vereadores, o projeto ainda dependerá da realização de estudos de impacto ambiental, com tempo estimado de cerca de 15 meses de duração, e cerca de dois anos para a construção
Investimento
R$ 165 milhões
Benefícios à comunidade:
> Acesso público a todos os pontos da orla do Guaíba
> Adoção de áreas verdes nos entornos
> Estação de tratamento próprio de esgotos cloacais
> Para não prejudicar a vista do Guaíba, os prédios seriam erguidos sobre os chamados pilotis – espécie de pilares vazados que sustentarão as construções, com alturas entre três e seis metros, que permitirão enxergar o Guaíba, a partir da Avenida Padre Cacique
Impacto
> Os prédios seriam construídos a uma distância mínima de 60 metros do Guaíba
> Com a obra, a estimativa é de aumento de 4,5% na circulação de veículos, com um acréscimo de 534 carros nos horários de pico

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